Como nos sentirmos rapidamente “em casa” quando mudamos de país – Dicas de Psicologia
Por MartaCastro em
Como nos sentirmos rapidamente "em casa" quando mudamos de país - Dicas de Psicologia
Quem nunca viajou e deu por si a pensar “eu poderia viver aqui!”? Há cidades que nos fazem sentir imediatamente em casa e outras que, por motivos que muitas vezes nem sabemos descrever, demoramos um pouco mais.
Neste artigo partilho algumas dicas que fui aprendendo com as minhas mudanças, as dos meus amigos e que os meus clientes expatriados referem. Junto ainda algumas nuances de psicologia para apoiar estas dicas:
1 – Não Deixar as Coisas em Caixotes
Ter os caixotes da deslocação espalhados pela casa cria o sentimento de estarmos no processo de mudança e não estarmos ainda em definitivo naquela casa. Além disso, o que é temporário pode facilmente tornar-se definitivo especialmente quando estamos ocupados e em stress com o novo trabalho, a nova escola dos filhos, as burocracias no novo país etc. Passado uns meses temos ainda caixotes ainda empilhados em plena sala de estar.
O melhor é aproveitar a mudança para dar uma nova organização e arrumação. Como a Marie Kondo refere, arrumar e organizar a casa é também organizar a nossa vida.
2 – Trazer Itens Pessoais
Ter fotos de família, dos nossos amigos e de momentos bons, facilita a sensação de permanência e continuidade quando estamos num processo de mudança ou transição de vida. Ajuda a sentir que, em vez de estarmos a “deixar tudo para trás”, que trouxemos tudo connosco, dentro de nós. Para além disso, facilita o sentimento de pertença, tão importante para quem muda de país e ainda se está a encontrar nesse novo espaço.
3 – Conhecer as Redondezas e Vizinhos
Enquanto seres humanos temos uma necessidade básica de segurança. O que é desconhecido pode, por esta razão, trazer desconforto. Assim, conhecer os espaços à volta da nossa casa, descobrir lojas, bibliotecas, jardins e saber como ir de um lado para o outro com facilidade, ajuda a criar familiaridade, a sentir-nos mais seguros e confiantes.
Apresentar-nos aos vizinhos mais próximos é também uma maneira de evitar momentos embaraçosos em espaços comuns. Neste caso, vale a pena pesquisar um pouco o que é costume fazer no país para aonde vamos. Por exemplo, aqui no Japão, é esperado que os novos inquilinos se apresentem aos vizinhos do lado e ofereçam um presente simples.
4 – Manter os nosso hobbies e criar uma rotina
Quando pergunto a alguns dos meus amigos que vivem fora quando é que se começaram a sentir em casa pela primeira vez, muitos referem “quando dei por mim e tinha a minha rotina”.
Manter os nossos hobbies, quando possível, ajuda a criar sensação de permanência, familiaridade e também a estabelecer uma rotina, tão importante para nos sentirmos em casa.
Há vários estudos de psicologia que mostram ainda os benefícios dos hobbies na gestão do stress e do humor e na satisfação com a vida em geral.
5 – Socializar e desenvolver amizades
Existem várias pesquisas de psicologia que demonstram como o apoio social e laços afectivos têm um papel fundamental no bem-estar e até na longevidade.
Não ter medo de pedir ajuda ou pedir conselhos, trocar ideias com outros expatriados, envolver-nos na comunidade local, fazer voluntariado, etc. são algumas coisas que podemos fazer. É muito importante criar relações sociais prazerosas, desenvolver o sentimento de pertença e evitar ao máximo o isolamento, que pode ser muito nefasto na emigração e expatriação. Partilhar preocupações sobre o país, sobre a mudança, escolas, sistema de saúde, empregabilidade, etc. diminui parte do stress. Como refere o provérbio inglês: “um problema partilhado é meio problema”. Criar amizades no novo país e construir uma rede de apoio é essencial para o bem-estar.
É importante dar-nos o devido tempo de adaptação, perceber o que nos falta e criar o conforto que nós e a nossa família precisa, não me refiro a questões materiais, mas muito mais relacionadas com segurança, bem-estar, familiaridade e criação de laços. Proporcionar tempo e espaço para um novo recomeço e uma nova aventura, não só na nossa nova casa mas também nas nossas vidas.
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